quarta-feira, 28 de março de 2012

Black Letter =3=


Virei para ver quem tinha falado e me deparei com um garoto de mais ou menos 1,86 de altura com cabelos pretos repicados e bagunçados, olhos castanhos feições bem bonitas com um nariz perfeito e fechando com lindos dentes brancos e alinhados...
Morri de inveja...
E eu aqui de aparelho.
— É eu acho que você alcança as latas sim – Luci comentou com voz frustrada.
— Pois é. – Para a minha surpresa minha voz saiu igual.
Okay... Somos "anões fêmeas" (como diz o Lucas). Ele sorriu para nós e pegou as latas que causaram todo aquele transtorno e colocou no carrinho.
— Sem querer me intrometer de mais... Vocês vão conseguir levar os carrinhos? – Ele perguntou com um ar preocupado.
Olhamos para os carrinhos cheios e ficamos mais frustradas...
— Bom... É... Pra dizer a verdade... É...Acho que......Nós vamos....... Não. - Tentei usar um argumento de "sim claro que nós conseguimos, somos mais fortes do que aparentamos", mas é a mais absurda mentira.
— Foi o que pensei... – Ele pegou dois carrinhos juntou as laterais e começou a empurrar e nós ficamos cada uma com um. — A propósito meu nome é Sam.
— Obrigado Sam... Eu sou a Luci e a com cara de louca ali é a Megan – Disse Luci
E eu apenas sorri pra ele, e fiz cara de "te pego na saída" pra Luci. Quando chegamos ao caixa a Madre que conversava com um senhor, viu a quantidade de coisas nos carrinhos e se surpreendeu.
— As outras garotas só mandaram vocês duas fazerem as compras? – Ela perguntou completamente incrédula.
— Sim Madre. – Respondi calma e Luci concordou com a cabeça.
— Que coisa feia... Vou ter uma conversinha com elas. Obrigado Sam por ajudar as meninas. – Ela disse sorrindo para ele enquanto Luci e eu trocamos olhares discretos de “Hã?”.
Passamos as compras no caixa nem quis olhar o valor da compra e o senhor que logo descobri que era diretor do Instituto McCoy pediu ao Sam que por acaso era um aluno de lá nos ajudar a colocar as compras na 4x4 da Madre... É a Madre tem uma 4x4 e eu aqui pegando ônibus.
Fomos carregando o carro enquanto Sam nos enchia de perguntas...
— Vocês são novas aqui? – Ele realmente parecia interessado e deixei Luci com o trabalho de responder por mim, ao menos ela seria simpática, eu iria dar uma resposta mal criada nessa pergunta.
— Sim nós somos... – Luci sorria enquanto respondia e eu caminhava ao lado dela com as mão nos bolsos.
— Estão gostando? – Sam olhava pra nós enquanto andávamos.
— Sim... Tirando essa parte chata com as meninas da escola sim... - Luci respondeu pensativa e eu concordei com a cabeça.
— O Marcele é legal? – Ele realmente estava tentando manter um dialogo simpático.
— É sim... É um lugar bem bonito... – Luci riu um pouco.
— Ela não fala? – Ele apontou pra mim.
— Fala sim. É que ela ta em standby*. – Luci riu e estalou os dedos na frente do meu rosto. —Meg? Ta viva ainda? – Ela me perguntou rindo.
— Eu? – Respondi meio assustada, pois não estava prestando atenção na conversa deles.
— Vish ta lesa... – Luci disse rindo.
— Luci, Luci você dorme no mesmo quarto que eu... Cuidado – Respondi rindo — Mas é sério o que foi? Eu estava ouvindo musica... – Puxei o cabelo para trás da orelha e mostrei o fone — Qual é o assunto?
— Sobre você não falar... – Me atualizou Luci.
— Atá... Eu falo sim, mas me distraio com os fones... – Respondi meio constrangida ao me dar conta que o assunto era a minha pessoa.
— Agora eu entendo o porque dos cabelos comprido.... Escondem os fones. – Sam deu risada.
— Faz tudo parte de um plano maior. – Respondi.
— Fica bonito em você... – Ele disse olhando pro céu.
— Os fones? Também acho... – Respondi brincando.
— O cabelo comprido Meg... Não se faça... – Luci riu.
Eu senti que ela queria gargalhar, mas estava se segurando para me zoar depois. Eu fiquei com vergonha e automaticamente deixei meu cabelo cair sobre o rosto. Isso é como um mecanismo de defesa pra mim. Quando olhei pra cima novamente Sam sorria olhando pra mim. Sorri e executei meu movimento de defesa novamente. É automático não dá pra segurar.
Luci já estava vermelha de segurar o riso e pra minha salvação a Madre apareceu.
— Vamos meninas – Ela dizia sorridente.
— Vamos. – Respondi um pouco rápido de mais.
— Obrigado Sam querido. – A madre agradeceu novamente ao Sam.
— Foi nada Madre – Sam beijou a mão dela e o diretor Ronaldo chegou ficando ao lado dele. — Tchau meninas. Nós vemos mais tarde no evento.
— Tchau Sam obrigado pela ajuda – Respondemos em coro e ele riu. — Prazer conhecê-lo senhor Ronaldo. – Completamos em coro ainda.
Nos olhamos com uma cara estranha... Íamos rir a qualquer momento.
— Tchau meninas. – Ele sorriu —Madre – e completou um gesto de cabeça.
Todos acenamos e então fomos embora


No St. Marcele a Madre puniu as meninas e nos deixou de folga pelo resto do dia então fomos para cidade com a permissão da Madre.
— Nossa Meg o que foi aquilo com o Sam? – Luci me perguntou rindo.
— Não começa Lu! – Eu disse começando a mexer no cabelo, ficando sem graça.
— Mas Meg? – Luci insistia no assunto.
— Menos Meg... Agora vamos andando... – Cortei aquele assunto.
Chegamos à praça e sentamos no balanço e começamos a rir do nada...
— As mocinhas não acham que são grandes de mais pro balanço? – Uma voz conhecida chegou aos nossos ouvidos.
Olhamos para o lado e vimos Sam que estava sentado em um banco com um garoto loiro dos olhos verdes e cabelos cacheados. Lindo! Parecia um anjo, tinha a mesma altura de Sam só que não tão forte. Mas os dois faziam uma bela dupla de modelos.
— Não somos tão grandes assim – Comentou Luci ficando vermelha na hora pelo contato visual com o loiro... 
V for Vendetta!*
— É verdade respondeu Sam...
O Loiro sorriu simpático para nós. Pois é acho que a tarde vai ser legal...



N/a: * Standby: é o termo usado para designar o consumo de energia elétrica em modo de espera de vários aparelhos eletrônicos como geladeiras, maquinas de lavar, televisores, rádios, DVDs, consoles de videogames, fornos de micro-ondas, computadores, celulares etc.
* V for Vendetta: V de Vingança é uma série de romances gráficos escrita por Alan Moore e em grande parte desenhada por David Lloyd. A história se passa em um distópico futuro de 1997 no Reino Unido, em que um misteriosoanarquista tenta destruir o Estado, através de ações diretas.