sábado, 6 de abril de 2013

Danger Line #30


Caminhando pelo jardim de rosas de Paul eu estava com a cabeça prestes a explodir com as coisas que o Calardan me falou, é um tanto constrangedor pensar em ter “alguma coisa” com o Paul, mas só de pensar na possibilidade de morrer e não tê-lo – que vergonha pensar sobre isso – me sinto triste, gosto dele de verdade e não gosto nem de imaginar em sua possível morte. Lembrei de vários momentos que tivemos juntos, do primeiro dia em que nós nos vimos, quando ele me ajudou no treinamento, no dia que ele me mordeu – senti um arrepio ao lembrar – e outras tantas lembranças.
Caminhava devagar, tentando manter preocupações do dia a dia longe da minha mente, pra que se preocupar com como libertar um demônio que quer dominar o mundo e destruir este tempo presente e meu possível futuro? Não, hoje minha preocupação é morrer virgem, e tudo isso é culpa do meu caro amigo elfo, mas quer saber... Hoje quando eu for ver Paul vou deixar rolar, isso me deixa completamente nervosa, mas se eu for deixar rolar pode nem acontecer nada! – esse pensamento me deixou melhor – quando cheguei a casa fui direto para cozinha comer alguma coisa, toda a conversa com Calardan me deixou com fome, era muita coisa, muita tenção para absorver então resolvi me aliviar comendo um bolo que estava sobre a mesa.
Depois que comi subi para o nível dos quartos para ir ver Paul, eu tinha que saber se ele estava melhor dos ferimentos dele, ao chegar à frente da porta do quarto dele dei três batidas de leve e empurrei a porta entrando no recinto, mas para a minha surpresa ele não estava deitado como deveria, franzi o cenho e decidi sair dali. Virei para abandonar o quarto, mas antes que eu pudesse passar pela porta um braço passou por mim fechando-a.
— Onde você vai? – perguntou ele me fazendo virar para encara-lo.
— É... Eu vim ver se você estava bem e como não te encontrei deitado eu decidi voltar mais tarde. – falei rápido de mais.
— Eu só fui ao banheiro.
— Você está melhor?
— Estou... Os meus ossos já voltaram para os devidos lugares e os cortes já fecharam agora só falta às cicatrizes e as escoriações desaparecerem, acho que ao anoitecer elas somem – ele me pressionava na porta com o corpo, fiquei vermelha devido aos pensamentos que eu tive mais cedo — Que foi?
— O quê?
— Por que ficou vermelha?
— Eu não fiquei não. – tentei disfarçar e ele me apertou mais.
— Ficou sim, você está corada, seus batimentos aceleraram, a temperatura do seu corpo aumentou. Vejo que seu corpo está respondendo ao meu. – ele sorriu maliciosamente, e eu fiquei agitada e queria sair dali, mas eu também queria ficar. Eu estava dividida.
— Paul para com isso – tentei afasta-lo, mas não consegui e isso fez com que ele literalmente me amassasse contra a porta.
— Me conta porque você está assim? – ele tinha um sorriso enviesado que me induziu falar tudo o que tinha acontecido, enquanto ele tinha os olhos fixos nos meus.
— Foi o Calardan, ele...
— O quê? – ele me olhava com certa raiva e um pouco agressivo. – O que ele fez para...
— Calma, calma. Ele não fez nada – me apressei a dizer antes que ele surtasse — Me deixa explicar! Não foi da forma que você está pensando – ele se recompôs e seu olhar sedutor voltou aos pouco, mas ainda dava pra perceber a fúria contida — Calardan disse que eu deveria aproveitar meu tempo com você... – desviei o olhar sentindo meu rosto esquentar —... enquanto eu posso, pois não sei por quanto tempo ainda temos para ficar juntos.
Ele sorriu e a fúria dele se esvaiu – aposto que até vai agradecer ao elfo depois – logo depois ele me pegou no colo e me deitou na cama ficando ao meu lado, me observando, em seguida ele colocou o peitoral em cima de mim e segurou meu queixo.
— E qual é a sua decisão? – a voz dele estava rouca e sedutora que me causou arrepios. Eu não conseguia desviar do olhar dele.
— Decidi que vou ouvir o conselho dele! – senti seu corpo cobrir o meu e sua boca alcançar a minha ele soltou meus cabelos e desabotoou minha blusa tirando-a
— Você tem certeza? – ele perguntou olhando nos meus olhos — Você quer ser minha?
Não respondi, apenas puxei ele para que nossas bocas voltassem a se unir....

Parte II

Paul ficou dormindo e eu levantei, ele tinha que terminar de se recuperar e eu tinha preparativos para fazer, tinha que ver Josette nós precisávamos acertar os detalhes finais para hoje a noite, então fui ao quarto dela, ao chegar à porta dei três leves batidas.
— Jo? – chamei-a
— Entre Lana – eu entrei ao ouvir o comando — Lana o que você fez? – o sorriso dela me deixou envergonhada, ela estava com os olhos espantados.
— O que foi Jo? – ela abriu um sorriso ainda maior.
— Você e meu irmão! – os olhos dela brilhavam — Eu vou querer que você me conte tudo mais tarde.
— Como você sabe? – eu fiquei assustada.
— Seu cheiro dele está misturado com o seu de uma forma especifica.
— Mas eu tomei banho!
— Mas o cheiro dele fica ai, é como se fosse uma forma de te marcar como dele.
— Eu não sinto nada. – falei tentando sentir algo diferente.
— Só vampiros podem sentir, não se preocupe.
— Ah...
— E como foi? – ela não se segurava de curiosidade.
— Foi bom... Bom de mais... – ela riu — Seu irmão é muito grande...
Nós duas rimos um pouco e depois sorrisos tristes tomaram conta de nós duas.
— Jo... Está tudo pronto?
— Sim!
— Todos já sabem onde vai ser o que fazer?
— Sim só Paul precisa se preparar. – meu olhar ficou mais triste ainda.
—Você o prepara pra mim? – eu segurava uma lagrima — Preciso me consagrar.
— Claro.
Eu não aguentei e me joguei nos braços dela e nos abraçamos e choramos, depois eu me retirei para me preparar.
O momento que todos esperavam tinha chegado todos nós estávamos tensos, podia sentir isso em cada um, até Calardan que de tempos em tempos me olhava tentando demonstrar calma. Claude me auxiliava a desenhar o circulo de invocação de Fenriz, o silencio imperava aquele lugar, enquanto fazíamos os preparativos. O circulo estava formado e todos estavam aguardando o processo de invocação ser iniciado, estamos na clareira onde encontrei Wolfgang pela primeira vez esperando a lua cheia invadir completamente o lugar.
O circulo e os desenhos que fizemos no chão foram com sangue humano para que Fenriz recebesse como sacrifício – apesar de saber que isso não iria satisfazê-lo – para que o estrago que ele fosse fazer de inicio não fosse tão devastador. Olhei em volta e todos estavam em suas devidas posições olhando para mim, esperando que eu começasse, olhei em direção a Paul que me encorajou com o olhar e um sorriso acolhedor, então me forcei a pensamentos positivos.
Esperei. Respirei. E finalmente criei coragem para iniciar aquela invocação.
Olhei para Josette e via apreensão em seu olhar, me forcei a sorrir para ela, pois, eu não queria alimentar o medo dela porque geralmente não atrair coisas boas à um circulo de invocação, –ok, nós não iremos invocar nada muito bom ou bonito, mas com medo tudo piora – ela me retribuiu o sorriso, sei muito bem que ela está se esforçando muito porque ela era peça chave para tudo isso dar certo. Ela era nossa conexão com Fenriz, ou seja, ela é a que mais vai sofrer aqui.
— Vamos começar? – perguntei a todos, mas a minha atenção estava voltada para Jo.
Todos assentiram e tomaram suas posições, os cinco lordes postados cada um em uma ponta da estrela que fazia o circulo se assemelharem a um pentagrama, eles estavam vestidos apenas com as calças, botas e capas abertas deixando o peito amostra para o ritual, no centro do circulo estávamos eu e Jo vestidas com um leve vestido com mangas entrecortadas nos ombros e com mangas largas que davam um ar leve aos movimentos que fazíamos com as mãos, os vestidos iam até o meio das coxas com varias tiras formando a saia, o tecido era leve e fluido e cada um representava algo, o vestido vermelho e preto levemente transparente dela representava a alma do demônio a ser invocado e o meu em tons mesclados de azul representaria a força da natureza que irá auxiliar na invocação.
Olhei para ela e demos as mãos e recitamos primeiro o cântico de purificação:

“Elementos sagrados da natureza. Eu os invoco! 
Peço que o vento nos traga a sabedoria dos nossos antepassados 
Peço que a terra nos traga a força que precisamos 
Peço que o fogo aqueça os nossos corações para que nenhum mal nos atinja 
Peço que a água venha nos lavar de tudo que é impuro.” 

Quando estávamos todos envoltos a uma energia gostosa eu e Jo começamos a nos movimentar em uma dança espelhada, nossas mãos e nossos pés começaram a se movimentar conectados de forma que nossos movimentos sempre saiam exatamente iguais e uma força que sugava nossa energia começou a agir, então comecei a recitar:

Ó lua que está sobre as nossas cabeças, peço tua força esta noite. Traga a força que em mim está, para este demônio ressuscitar. 
O Mal que a muito selado esta noite irá retornar. 
A terra coberta de sangue ficará, pela irá do demônio que nela pisará. 

A terra que estava sob nossos pés começou a se agitar.

Hoje os filhos e filhas da terra sofreram com aquele que virá. E muitos aqui pereceram, pela vingança daquele que muitas almas ceifará. 
Então pelo sangue daqueles que um dia o baniu. 
Retorne e inicie seu reinado vil. 

Os cinco Lords cortaram a suas mãos vertendo sangue, depois se abaixaram tocando na terra se sussurrando “Se livre!”. Nesse momento todo o circulo começou a ceder e a terra afundou sobre nossos pés, Paul saltou me tirando da queda enquanto os outros se esquivavam. A terra estremeceu e uma fumaça começou a se erguer. Olhei para os lados procurando Jo e quando me dei conta ela estava desmaiada presa na fumaça. O medo me atingiu como uma faca e quando dei por mim o corpo de Fenriz estava se forma.