sábado, 30 de junho de 2012

Danger Line #25


Como eu havia pensado minha noite não foi uma das melhores, eu sentia dores por todo corpo e mesmo sendo um vampiro às vezes acordava mal...
Me arrumei fui esperar o Calardan na sala de estar.
Não queria ir para aquele cemitério novamente, nunca fui chegado ir lá e toda vez que ia quando era criança via meu pai e avô fazendo coisas estranhas indo além da alquimia que uso... Às vezes eu chego a pensar que meu pai e alguns amigos dele eram uma espécie de seita , acho isso principalmente pelo fato que um dos amigos dele quis me oferecer em holocausto. Meu pai só não permitiu porque minha mãe iria surtar.
Calardan entrou na sala interrompendo meus pensamentos nada agradáveis!
— Pronto para irmos? – Ele me perguntou enquanto me observava!
— Oui, monsieur vamos logo!
Levantei-me e caminhei em direção à porta me aproximando de Calardan o cumprimentei com um aceno de cabeça e me direcionei a porta saindo para o jardim com ele em meu encalço.
— Calardan... Vou correr... Me acompanha? – Perguntei a ele que apenas me respondeu com um leve sorriso.
Comecei uma corrida pelo Vallée de la Loire em busca do antigo laboratório do meu pai, depois de um tempo correndo com Calardan pude achar a trilha para o nosso destino. Ela já estava toda coberta por vegetação mais ainda era possível ver alguns ladrilhos no chão que indicavam que um dia aquele caminho foi bem cuidado e utilizado e que me faziam estremecer por dentro me fazendo recordar o que passei quando era garoto.
Diminui o passo conforme nós fomos nos aproximando do local, eu estava apreensivo e sabia que Calardan sentia isso, afinal ele é um dos mestres da magia profunda, mas como não ficar apreensivo no lugar onde você foi torturado e quase sacrificado? Eu amava meu pai... Mesmo depois que ele fez comigo, mas isso abriu uma enorme lacuna no meu psicológico e por isso hoje eu sou bipolar - apesar de hoje em dia estar bem mais estável - e amargurado.
Os poucos uma grande construção foi se revelando, as ruínas de um grande e imponente laboratório que mais parecia uma mansão surgindo a nossa frente. Olhei para lado para ver como Calardan estava, e como sempre sua expressão era de plena calma, isso me deixou um pouco irritado, mas ele não tinha culpa, também era uma criança quando isso aconteceu comigo e o povo belo nem era envolvido nas "reuniões" que eram promovidas nesse lugar horrendo.
— Paul? – Escutei Calardan me chamando o que desviou a atenção dos meus devaneios — Há algo que você queira me falar antes de entramos nesse lugar?
— Pas monsieur – Disse forçando minha voz ficar calma — Vamos continuar nosso caminho!
Ela sabia que eu não estava nem um pouco a fim de falar e respeitou minha vontade o que me deixou ligeiramente satisfeito.
Chegamos à entrada da mansão/laboratório e eu me sentia cada vez mais tenso, eu estou com um mau pressentimento com essa visitinha ao meu passado! Acho que algumas coisas que não foram bem resolvidas podem voltar a assolar minha vida! Nós entramos na casa.
— Calardan acho melhor nós nos separarmos e... – Ele me interrompeu!
— Acho melhor não, não sei como é este livro e não acho que seria sensato... Não to com uma boa sensação a respeito desse lugar! – Ele argumentou sabiamente e eu não tive como debater.
— Oui Calardan, vous tem razão! Vamos juntos! – Respondi e virei para as portas do lugar.
Abri as antigas portas com as dobradiças enferrujadas com cuidado, mas mesmo assim uma delas soltou, coloquei-a encostada na parede mais próxima e entrei mais no local. Estava tudo escuro, mas não era um problema nem para mim nem para meu amigo, pois nós dois enxergamos muito bem no escuro. Procuramos por varias partes daquele lugar e o que eu mais temia realmente era o que eu precisava fazer!
Sei exatamente o livro que preciso e aonde eu vou encontra-lo
Vou ser obrigado a reviver o pesadelo que me atormenta todas as noites!
Aquela bruxa tinha razão no que ela disse, e eu vou ter que remexer em medos e angustias a muito esquecidos, e o pior de tudo?
Sei que o que me causa tanto temor vai estar me esperando na grande mesa de pedra daquele maldito salão!
— Calardan... – Me virei para ele e este me fitava com cautela — Infelizmente sei o que vamos precisar fazer!
— Você está pronto pra enfrentar ele? – Ele me perguntou de uma forma misteriosa de mais para o meu gosto
— Não... Mas mesmo assim vou fazer! – Respondi tentando passar segurança.
—Espero que esteja certo disso!
— Calardan o que você quer afinal?
— Que você esteja pronto Paul, você tem um assunto pendente que eu não vou poder te ajudar! E ele já está a sua espera!
As palavras de Calardan se fixaram na minha mente e nesse momento eu soube que a situação era bem mais perigosa que aparentava ser!
Eu estava correndo perigo!
E vou ter que lutar para a minha liberdade!
— Paul você quer me contar alguma coisa? - Ele me encarava com seriedade
— Você realmente quer ouvir minha história não é? – Perguntei já meio irritado
— Eu preciso ouvir já que vou te ajudar! – Ele me encarava com aqueles olhos oblíquos.
— Okay eu conto! – Respondi num tom meio irritado! — Quando eu tinha 8 anos meu pai me trouxe a este lugar... Aqui era bonito e agradável dava vontade de passar o dia lendo sentado às escadas que sempre estavam banhadas pelo sol, e como eu era uma criança e não passava maldade na minha cabeça foi o que eu fiz. Mas um pouco depois meu pai e dois amigos entraram no salão e me chamaram para ver um livro com figuras na câmara principal, eu me levantei e os acompanhei e chegando à sala meu pai ficou de fora e os amigos deles me fizeram ler um trecho do livro que me fez ficar com dores horríveis então eles tiraram minha blusa e me deitaram na mesa. Eu já não tinha mais consciência do que estava acontecendo comigo, então senti uma faca perfurando meus braços fazendo desenhos por toda a sua extensão e ao longe ouvia eles recitando um cântico e batidas nas portas do salão. Quando voltei a enxergar com clareza vi que a mesa onde estava banhada por sangue, mas não um sangue qualquer e sim o meu quando levantei os braços pude ver os desenhos tribais desenhados neles. Comecei a gritar pelo meu pai. Fui fraco... – Fiz uma careta e Calardan me repreendeu com o olhar —... Okay eu era só uma criança, mas enquanto gritava por meu pai vi duas criaturas aladas entrando pela janela, ao se encararem elas se atracaram em uma luta até que só restou uma. E essa veio se aproximando de mim e tomou a forma de uma mulher com asas de um corvo. Ela era muito bonita, com cabelos pretos e os olhos purpura com a pele morena, mas olhar para ela me causava dores e náuseas então ela me disse três palavras "Você é meu" e eu não resisti. Não via mais nada a minha volta, eu só queria ser dela! Eu me aproximei dela, e ela encostaram os lábios nos meus e então senti como se todos os meus órgãos estivessem sendo puxados para fora do meu corpo indo para dentro dela, mas algo interrompeu essa ligação nos separando e me levando para longe dela. Quando acordei minha mãe estava cuidando dos meus ferimentos murmurando que eu iria ficar bem. – Olhei para Calardan tentando decifrar a sua expressão séria.
— Bom Paul eu sinto muito por tudo! – Ele disse compartilhando minha dor — Mas sinto que ela ainda te quer! Não sei se você percebe a presença dela... Mas ela te espera no mesmo local!
— Eu sei!
— Você vai até lá?
— Eu não tenho escolha... Lá está à solução para todos os nossos problemas – Desviei o olhar por uns instantes e então tirei coragem de onde não tinha... — Vamos lá, tenho uma mulher demônio pra saciar, um livro pra salvar e outro demônio pra matar. – Falei rindo irônico
— Sim você tem! - Calardan sorriu.
Então fomos em direção da porta e abri com força.
E lá estava ela! Se ela me quer... Que venha me pegar